A Igreja e as pessoas com deficiência 24 FEV 2022 Pr. Julio Cesar Ribeiro 424 "Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte" Mateus 5: 13 e 14 No dia 03 de dezembro “comemora-se” anualmente o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência (PcD), instituído no ano de 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de trazer à mente da sociedade a consciência de que as Pessoas com Deficiência devem ter os mesmos direitos e deveres, os mesmos privilégios e responsabilidades, das pessoas sem deficiência. Segundo o IBGE, em seu último censo (2010), quase 25% da população do Brasil possui algum tipo de deficiência, totalizando aproximadamente 45 milhões de pessoas. No entanto, em vários locais e contextos, não há muito o que se comemorar, levando em conta que esse grupo, por vezes até mesmo no contexto da igreja, não é tão valorizado quanto deveria. A mentalidade sobre o que é deficiência precisa ser definida de forma mais clara, isto é, precisamos entender que deficiência é uma ou mais características do ser humano que diminue sua capacidade de desempenhar algumas atividades que são comuns às pessoas ao seu redor. Os direitos das Pessoas com Deficiência são relativamente respeitados e protegidos quando se diz respeito às instâncias internacionais e nacionais, porém, na prática, tais direitos nem sempre são respeitados, trazendo à vida PcD marcas de desigualdade, preconceito e até discriminação. Diante de tudo que tratamos, precisamos também reconhecer que proporcionar a inclusão das Pessoas com Deficiência na Igreja não é tarefa tão simples como alguns possam pensar. A inclusão não é apenas construir rampas com barras de apoio, adaptar banheiros, instalar piso tátil direcional ou inserir a linguagem braile nas placas de comunicação, envolve instruir, conscientizar e capacitar pessoas para que aprendam a lidar com esse público. Mesmo assim, enquanto cristãos, líderes e membros, não podemos nos dar o direito de encontrar desculpas para não sermos inclusivos em nossa realidade congregacional. A mensagem do Senhor Jesus a nós é muito direta: “vocês são o sal da terra... vocês são a luz do mundo” (Mateus 5:13-14). Para que serve o sal, quando mantido dentro do mais belo recipiente feito do mais caro dos cristais? Para que serve uma lâmpada escondida debaixo de um cesto, mesmo que este seja produzido artesanalmente pelo melhor de todos os artesãos, tendo como matéria prima a mais nobre das fibras? A resposta para ambos os casos é a mesma: não serve para nada! Enquanto nossas Igrejas não forem inclusivas, no mais profundo sentido da palavra, e mesmo que com construções belíssimas e até adaptadas arquitetonicamente, nós continuaremos sendo irrelevantes, meramente sal no saleiro e lâmpada debaixo do cesto, pelo menos para esse grupo de pessoas, que é igualmente importante para Deus.