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As pequenas e perigosas violências do dia a dia

  • 01 ABR 2022
  • Karyne Rios
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As pequenas violências do dia a dia é que levam às grandes violências que destroem o mundo.

A cena que tem recebido holofotes nos últimos dias tem sido o tapa que o ator Will Smith deu no comediante Chris Rock após ter feito uma piada sobre a condição capilar da esposa do ator Will Smith, que raspou seus cabelos por conta de uma doença autoimune, a Alopécia. E vimos, infelizmente, que a vida imita a arte!

O que pode ser dito da cena? Um homem tentando maquiar de forma cômica comentários inapropriados e agressivos e, outro homem tentando resolver o problema com agressividade física e verbal. Um caso típico e muito frequente de uma pessoa que tenta resolver uma violência com outra violência. Está mais que demonstrado que violência não resolve violência, pelo contrário, só gera mais (os dados de pesquisas estão aí para mostrar). Mas porque será que ainda continuamos tentado resolver as violências do dia a dia com mais violência?

Entre tantas hipóteses para essa pergunta eu escolho a que mais eu tenho visto no dia a dia... Infelizmente educamos nossas crianças desde cedo a resolver qualquer tipo de ameaça de forma agressiva. Percebo que a maioria dos pais ensina os filhos a revidar fisicamente os coleguinhas que batem ou mordem, como forma de se auto proteger. É raro eu ver um cuidador que ensine o filho a se esquivar da situação e buscar ajuda de um adulto. Já vi cuidador falando que o filho “é mole” por não revidar, já vi cuidador treinando o filho para dar um soco ou chute no coleguinha. Parece triste ao ler isso aqui? Sim, é muito triste, mas tão corriqueiro e tão aceito pela sociedade que dá medo. No entanto, o mais desesperador disso tudo é que desejamos um mundo de paz para nossos filhos, porém ensinamos desde cedo que tudo se resolve é na guerra. Queremos um mundo sem guerras e conflitos, mas não estamos sendo o exemplo de moralidade que nossos filhos precisam e nem estamos ensinando que as pequenas violências do dia a dia são resolvidas somente por caminhos de paz.

Devagarzinho vamos criando até mesmo teorias e discursos politizados que tem aparência de justiça, mas no fundo são práticas que mantém a violência. Quando percebemos estamos lutando por algum ideal, promovendo revoluções, enfrentando ou defendendo algo ou alguém, enfim... continuamos brigando com um mundo que briga conosco e nada se resolve. A violência se intensifica e a gente se autodestrói, ponto final!

Romper o círculo vicioso da aceitação e do uso da violência é, na minha opinião, uma das nossas mais urgentes necessidades. Para isso, precisamos entender racionalmente que nossa estratégia de resolver os problemas com violência, não resolve nada. Quando entendemos racionalmente uma questão, podemos ESCOLHER ser diferentes, agir de outra forma, pensar de outra maneira. Assim, iniciamos um lindo processo de mudança ativa, em que deixamos de ser escravos de um círculo vicioso e passamos a ser livres para escolher o que realmente promove paz.

Uma boa forma de saber se você se encontra nesse processo de escolher a paz é avaliar tudo que você tem deixado chegar a você pelos seus órgãos do sentido. O que eu tenho visto? O que eu tenho ouvido? O que eu tenho lido? Em que eu tenho colocado minha atenção? De que eu tenho alimentado meu cérebro? Afinal de contas, só colhe bons frutos aquele que usa boas sementes e prepara bem o solo.

Se você perceber que não está no caminho certo, faça como Will Smith e Chris Rock, reveja, peça perdão, mude a atitude! Por outro lado, tenho que advertir que as consequências de um ato de violência impactam para sempre a vida dos envolvidos, sendo até mesmo capaz de apagar todo o brilho do maior momento de glória para um ser humano, no caso do Will, seu tão sonhado Oscar de melhor ator que ficará para sempre manchado pelo tapa das pequenas e perigosas violências que aceitamos no dia a dia. Aprendamos com Will e Chris!

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