Jesus e a arte de comunicar 16 DEZ 2022 317 Ferramentas comunicacionais para salvar utilizadas pelo maior mestre da história Contar histórias é uma arte milenar. Sem essa atividade, os registros se perderiam e as identidades dos povos seriam deixadas à margem. A oralidade sempre cercou a humanidade e as conexões entre as palavras permitiam a aproximação entre os participantes ativos dos diálogos. Jesus era um comunicador nato. Sabia quais palavras usar e a maneira como se portava mostrava que sua história merecia ser ouvida. Seus talentos receberam séculos depois nomes que provam o uso de ferramentas comunicacionais pelo próprio Cristo. Storytelling, comunicação assertiva e outros temas podem ser notados na narrativa bíblica que remonta a passagem do mestre na Terra. Jesus escuta como ninguém O bom contador de histórias sabe que precisa ouvir os outros. Quanto maior a pausa para entender quem o outro é, melhor será o direcionamento dado a história contada. O bom mestre nunca impõe suas vontades ou crenças sobre o ouvinte. Jesus sempre prestigiou quem lhe emprestava os ouvidos e a atenção. Seu olhar não era de acusação, mas acolhimento e perdão. Seus diálogos na bíblia, especialmente antes dos milagres, não eram sobre si, mas giravam em torno do outro a fim de que Ele pudesse ensinar ao povo de maneira aplicada e prática, por meio da cosmovisão de quem olhava atento as suas explicações. O mestre envolvia a todos com parábolas, histórias inventadas com morais verdadeiras e contextualizadas à cultura local. Essa era a grande “sacada” de Cristo. Se aproximar de quem precisa ouvi-lo e contar de acordo com o que seu ouvinte acreditava. O diálogo que convence A linguagem de Cristo sempre era tranquila, ainda quando era necessário ser incisivo. Sua simplicidade ao falar deixava boquiabertos os estudiosos da lei. Isso porque não estavam acostumados a assistir um homem comum dominar tão bem as palavras. Por diversos momentos foi firme nos seus posicionamentos. Ainda assim, era capaz de trocar ideias com quem estava do outro lado da discussão. Essa capacidade o fez se aproximar com muita sensibilidade das pessoas. Em diversos milagres, esse diálogo é colocado também como uma maneira de fazer com que alguém enxergasse além da superficialidade. Na cura do cego de nascença, por exemplo, registrada em João 9, há um ensinamento claro dirigido aos discípulos que, apesar de caminharem como Jesus, não estavam habituados ao poder do Filho de Deus, tampouco estavam dispostos a abandonar os dogmas de uma religião excessiva e acusadora. Por meio de ferramentas como ironia, pleonasmo e parábolas, Cristo tornou fácil a compreensão da sua vontade àqueles que criam nEle. Metonímia cristã Em outros momentos, uma das habilidades desenvolvidas por Jesus era partir de uma história particular para uma aplicação coletiva. Analise o que foi escrito em Marcos 7:24, a história da mulher siro-fenícia. A mensagem sequer era para aquela mulher que já entendia o plano de salvação para todos e não apenas exclusiva aos judeus. Mas na leitura fica claro que Jesus ensina aos discípulos pela resposta dada a essa mulher. O exemplo dela facilmente se aplicou a todos que tinham dúvidas sobre o tema. Isso é uma forma de facilitar a compreensão dos ouvintes. É fato que Cristo foi um verdadeiro comunicador. Seus feitos deixam clara a sua intenção de ensinar e, sobretudo, salvar a quem o escutava. Isso não era feito de forma leviana, mas com muita propriedade e firmeza. Os passos do mestre ainda podem ser seguidos por nós. Ouvir, exemplificar, fazer conexões ainda trazem resultados expressivos de interessados pelo reino. Avancemos.