O cristão e o meio ambiente 12 NOV 2021 Francislê Neri 297 Os danos ao meio ambiente e o papel do cristão nesse contexto A degradação do meio ambiente em larga escala e curto espaço de tempo leva ao questionamento e debate sobre quais são os encargos do cristão nesse desafio. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, tendo em vista a mensagem de que Deus é Criador e suas criaturas também o adoram por meio da criação, se preocupa em propor para o público uma reflexão sobre quais comportamentos são indispensáveis diante do cenário. Perspectivas Existem pelo menos cinco visões a respeito da relação entre Deus e a natureza. A primeira delas aponta que Deus não está no meio ambiente, pois o ateísmo enxerga a natureza como algo positivo, mas não acredita que uma divindade esteja atrelada a isso, nem sequer a sua não existência. No outro extremo, encontra-se a visão panteísta. Nesse caso, Deus não apenas está, como é o meio ambiente. Ele pode ser uma planta, um animal ou um bioma. Criador e criatura se confundem por serem considerados pelos panteístas como iguais. Há outros dois termos que originam novas perspectivas: pragmatismo e utilitarismo. Dentro dessas ideias, acredita-se que embora Deus não esteja no ambiente, Ele é criador. Ainda assim, essa análise não aponta para uma recriação daquilo que foi destruído. Portanto, cabe o cuidado do planeta por ele ser único e não haver para onde ir após a sua destruição. Já o deísmo, palavra latina, afirma que Deus apenas criou, mas não intervém nos acontecimentos posteriores. Embora seja Criador, não cuida das criaturas e tampouco se importa. A natureza controla seu próprio rumo. Para o teísmo, cuja origem vem do grego, Deus é transcendente e pessoal. Portanto recriará o ambiente, mesmo após a sua degradação por negligência da criatura. Papel do cristão Por conta da transcendência de Deus, Ele está acima da natureza, mas não está misturada a ela. Quando o Criador utiliza seu atributo criador e o homem decide pecar, toda a natureza é envolvida em um processo inevitável de degradação. Tomando isso, algumas pessoas tendem a questionar: Se haverá deterioração, por que preservar? A bíblia serve como um manual para o comportamento esperado por Deus. Desde a criação no livro de Gênesis, existem propósitos que apontam para que o homem foi criado e qual é a sua responsabilidade. Genêsis 1:26 diz “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra”. A palavra domine não deve ser interpretada como algo predatório, mas direciona para a mordomia e função de gerência da criação atribuída ao homem, semelhante ao caráter de Deus tendo em vista que fomos criados a Sua imagem e semelhança. Cabe ao homem e mulher, a responsabilidade sobre a natureza, tanto antes como depois do pecado. A posição pecaminosa não anula a necessidade de permanecer como mordomo fiel. Para que não fiquem dúvidas, outras passagens bíblias evidenciam esse trato. Veja: Apocalipse 7:3 diz “Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos selado nas suas testas os servos do nosso Deus”. Ainda em Apocalipse 11:18 afirma-se: “E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.” Vale enfatizar que a destruição da natureza inclui plantas, mares, ecossistemas e qualquer outra parte da criação de Deus. A instrução dEle quanto a isso é clara e o juízo condenará ao homem que não segue tais princípios. Portanto, do Gênesis ao Apocalipse há um convite para a mordomia com relação ao meio ambiente. Por fim, o verdadeiro cristão é equilibrado e busca utilizar os recursos que Deus disponibiliza de maneira adequada. Não por questões ateístas, pragmáticas, deístas ou panteístas, mas por crer que Deus o convida para tal missão: cuidar dos outros e do meio ambiente. Ainda que seja inevitável a degradação, o próprio Cristo recriará e renovará a sua criação.