Por que eu estou novamente com Covid-19? 25 MAR 2022 Ivan Stabnov 277 Neste momento, enquanto escrevo este artigo, estou com Covid-19. Tive Covid em fevereiro de 2020, três dias após o primeiro caso relatado em São Paulo em 26 de fevereiro de 2020. E olha que moro no interior e não havia nem suspeita de algum caso aqui na região, ou seja, o Coronavírus já estava circulando no país há muito tempo. Não só tive covid-19, mas também, como trabalhador na área de saúde, fui vacinado no dia 27 de janeiro de 2021 e recebi a segunda dose no dia 18 de fevereiro de 2021. De lá para cá não tive nem resfriado, apesar do contato com o público em geral, atendimento médico presencial em consultas e exames de endoscopia digestiva, momento em que as pessoas tossem com frequência. Sempre usei máscara. Então, por que adquiri a doença novamente? As vacinas não são efetivas? As respostas não são tão simples assim. A melhor imunidade possível contra o vírus é adquirida ao se ter a doença. Isto não é verdadeiro para todos os vírus, mas para muitos deles, como por exemplo a caxumba, a catapora, também o coronavírus. O problema é que, assim como o vírus da influenza, o coronavírus é mutante e novas cepas vão aparecendo, enganando o nosso sistema imunológico e possibilitando uma segunda chance de se adquirir a covid-19. As mutações virais ocorrem de forma aleatória e os vírus que não mudam sua forma de driblar a nossa imunidade vão sendo eliminados e os que conseguem, avançam. A cepa Delta está aí provando que conseguiu esta proeza. Portanto, a imunidade adquirida contra a primeira cepa, lá atrás em 2020, não é suficiente para barrar a evolução da cepa atual. Porém, com um detalhe importante. Não existe somente imunidade 8 ou 80, pode haver uma imunidade intermediária. O fato de o indivíduo ter tido a doença anteriormente já garante uma certa imunidade contra uma nova cepa. Pode não ser perfeita, pode ser que a pessoa tenha a doença, mas de forma mais branda. Na atual situação da pandemia da covid-19, os indivíduos que já tiveram a doença não precisariam necessariamente se vacinar, mas podem obter um benefício adicional com a vacina. Alguns países recomendam um intervalo entre três e seis meses após a doença. O nosso Ministério da Saúde recomenda 30 dias. Da mesma forma que a imunidade adquirida em uma infecção anterior não garante completamente ausência de nova infecção, as vacinas, que foram criadas com base na primeira cepa, não têm capacidade de impedir que a pessoa adquira o vírus, já que novas cepas surgiram. Porém, as vacinas, mesmo não sendo completamente eficazes, ajudam na formação da imunidade que contribui para a diminuição da gravidade da infecção. Mas, por que pessoas vacinadas morrem? Muito depende do sistema imunológico do indivíduo, sua propensão genética e, principalmente, do seu grau de inflamação sistêmica. Estes são os motivos pelos quais pacientes com peso elevado, diabéticos, portadores de outras doenças crônicas e idosos são mais suscetíveis ao êxito letal. Da mesma forma, pacientes mais jovens, saudáveis e com peso adequado normalmente são poupados. Portanto, independentemente de sua linha de pensamento, sua crença na vacina ou não, em ter tido covid-19 anteriormente ou não, em ser vacinado ou não, uma coisa é certa: cuide de seu corpo, alimente-se de forma saudável, perca peso se estiver acima, pegue sol, tome bastante água, evite ao máximo os alimentos inflamatórios, durma pelo menos 7 a 8 horas de sono por noite antes das 22h.